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Não, não, não e não!

Quando as crianças começam a expressar oposição



Existe um período no desenvolvimento, entre o 2º e o 3 º ano de vida, em que a criança começa a expressar uma maior oposição aos pedidos dos seus cuidadores. Apesar desta etapa constituir uma grande “dor de cabeça” para os adultos, constitui-se um período muito importante para a criança no desenvolvimento de uma identidade, de um sentido de autonomia e aquilo que chamamos de consciência moral.

Navegando um pouco sobre estes conceitos:


A Identidade

A primeira etapa do desenvolvimento da Identidade, ocorre quando a criança consegue reconhecer-se como uma pessoa fisicamente diferente e separada do resto do mundo. Exemplos são quando a criança consegue reconhecer-se ao espelho ou em fotografias. Posteriormente, passa por conseguir descrever-se “Sou grande”, “Sou pequenina”, “Tenho o cabelo liso”, “Tenho o cabelo encaracolado” e a auto avaliar-se “Bom”, “Mau” “Amigo”. A terceira etapa ocorre quando as crianças começam a reagir à desaprovação dos pais e param de fazer algo que não devem. É nesta etapa que se estabelecem as bases para a compreensão moral e para o desenvolvimento da consciência.


O desenvolvimento de um sentido de Autonomia

À medida que as crianças amadurecem, física, cognitiva e emocionalmente, começam a procurar independência dos adultos. É importante para a criança começar a testar a ideia de que é uma pessoa individual, que possui algum controle sobre o seu meio e, por isso, quer começar a colocar em prática as suas ideias, exprimir as suas preferências e a tomar as suas próprias decisões. É neste período que o “Não” surge, como forma de exprimir esta necessidade de autonomia e de testar os limites do seu ambiente, descobrindo o que é autorizado e o que não é. Estes comportamentos também podem se manifestar como birras,

choro, mentira e chamadas de atenção.


Na secção “Aprendendo a remar a favor da maré” serão dados alguns exemplos sobrecomo gerir este desafio.


A consciência moral

A consciência moral resulta da aprendizagem que a criança ganha quando lida com as consequências das suas ações. Neste sentido, é muito importante que as consequências atribuídas pelos adultos às crianças sejam adequadas às circunstâncias e à idade da criança.


Exemplo: O Bernardo, de 7 anos, foi andar de bicicleta para a rua, quando lhe foi expresso para ficar dentro do pátio de sua casa. Um exemplo de uma consequência exagerada seria proibir o Bernardo de andar de bicicleta durante um mês. Esta consequência para além de deixar o Bernardo revoltado e ressentido, não o estaria a ajudar a ser mais responsável quando anda de bicicleta.


Um exemplo de resposta adequada seria proibi-lo de andar de bicicleta durante 24 horas e depois dar-lhe uma nova oportunidade de o fazer como deve ser. Alguns pais acreditam que quanto mais longo e duro for o castigo, mais eficaz será, mas a verdade é que se verifica exatamente o contrário.


Aprendendo a remar a favor da maré ...

Neste período é importante ensinar as crianças a aumentar a sua capacidade de tomada de decisão, aumentar o seu sentido de responsabilidade e a capacidade para aprender com os seus erros.


Quais são as estratégias que os adultos poderão utilizar para gerir estes períodos de maior desafio?


Evitar castigos físicos - Existem outras estratégias disciplinares que resultam melhor a longo prazo para o desenvolvimento emocional e social da criança, assim como para o estabelecimento de uma relação de confiança entre pais e filhos.


Oferecer uma opção- Mesmo que limitada, a opção oferece algum controle à criança. Por exemplo “Queres tomar banho agora ou depois de lermos uma história?”. O mesmo para as consequências, poderá ser útil apresentar antecipadamente diversas consequências à criança para que elas possam pensar sobre elas e perceber que são responsáveis pelas decisões que tomarem, por exemplo: “Se os brinquedos não estiverem arrumados até às 8 horas, não tens direito a bolacha, nem à história na cama”.


Ser flexível- É importante aprender os ritmos e preferências naturais da criança, assim como as suas aversões específicas. Adultos mais flexíveis tendem a receber menos resistência por parte das crianças.


Oferecer ambientes adequados à criança - É importante oferecer ambientes que sejam adequados à idade da criança. Por exemplo: Utilizar objetos inquebráveis que ofereçam uma exploração segura à criança.


Relacionar os pedidos a atividades agradáveis- “ Está na hora de parar de brincar, vamos agora a uma loja os dois”. Quando a criança não obedece imediatamente espere um pouco para repetir o pedido.

Relembrar à criança o que é esperado- “Quando brincamos no parque nunca podemos sair para fora do portão”.


Ser persistente - Muitas das vezes as crianças mostram resistência para demostrar algum tipo de controle. No entanto, não existe qualquer intenção por parte da criança em não cumprir o que é pedido, acabando por obedecer aos cuidadores.


Escolher consequências imediatas, i.e, que possam ser sentidas no imediato, sem prolongar, dando oportunidade que a criança possa tentar novamente. A estratégia das consequências, tal como qualquer outra técnica parental, exige tempo, planeamento, paciência e repetição com uma postura calma e de respeito.


As consequências atribuídas têm de ser ajustadas à idade da criança. É preciso que a criança consiga entender a relação entre as consequências e o comportamento. Um exemplo de uma consequência desajustada seria lavar a boca de uma criança porque ela disse um palavrão.


Certificar-se de que vai agir de acordo com a consequência estabelecida- Alguns cuidadores sentem dificuldade em deixar que as crianças sintam os resultados das suas ações. Os adultos podem sentir remorsos por não os ajudar e podem sentir-se tentados a intervir antes das consequências se fazerem sentir.

Por exemplo: A Rita disse à sua filha Inês, que a consequência de andar a empatar de manhã e não estar pronta seria ir de pijama para a escola. No entanto, chega a hora de concretizar e a Rita veste-a. Este tipo de proteção impede que a Inês aprenda com os seus erros, minando a autoridade do adulto.

É importante escolher consequências que seja capaz de cumprir.


É natural haver menos autocontrole em alturas de stress (alturas de doença, divórcio, nascimento de um novo bebé na família, perda de um ente querido, mudança de casa, mudança de escola, etc..)


Acima de tudo, mantenha o clima o mais positivo possível. Manter um relacionamento afetuoso e agradável é o segredo para fazer as crianças quererem cooperar.


Psicóloga: Sara Moniz

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