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Chegou o Verão! E as rotinas, também vão de férias?

  • Foto do escritor: clinicadasein
    clinicadasein
  • 27 de jun.
  • 3 min de leitura


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Com a chegada do verão, mudam-se os dias: os horários ficam mais soltos, as tardes tornam-se mais

longas, surgem as viagens, os passeios, as visitas...


Mas para as crianças pequenas, nem sempre estas mudanças são bem recebidas...

Como temos vindo a falar, nesta fase do desenvolvimento, as rotinas são muito mais do que organização prática: são uma forma de segurança emocional.

As crianças pequenas, que ainda estão a conhecer o mundo, estão a construir noções de previsibilidade e de controlo sobre o que as rodeia. As rotinas diárias (como o sono, a alimentação, a higiene e os momentos de brincadeira, etc.) funcionam como estruturas que lhe permitem sentir- se segura e acompanhada.


Ajudam a:


-Reduzir a ansiedade e a prevenir as birras;

-Facilitar as transições entre as atividades;

-Promover a autorregulação emocional e comportamental;

-Fortalecer a relação com os cuidadores.


Tudo isto é importante, não só para a criança, mas também para os adultos, que passam a lidar com menos resistência e mais cooperação no dia-a-dia — e que, ao manterem alguma previsibilidade, também se sentem mais tranquilos e disponíveis para estar presentes.

Ainda assim, é natural que as férias tragam algum desalinhar nas rotinas, e ainda bem! São

momentos importantes para criar boas memórias, para sair da correria do dia a dia e aproveitar o

tempo em família. Mas é precisamente por serem contextos diferentes que podem levar a alguma insegurança e que surjam alguns sinais de desconforto: maior instabilidade emocional, birras mais frequentes ou alterações no sono, por exemplo. Por isso, mesmo em modo de férias, vale a pena preservar algumas "rotinas-âncora", pequenos momentos ou gestos que ajudam a criança a reconhecer o seu lugar no dia e a sentir-se segura.


Dar forma aos dias das crianças:

-Estruturas-chave com elasticidade: tentar manter horários aproximados para acordar, para as refeições, para a sesta e o deitar. A regularidade, mesmo que não seja rígida/ exata, dá pistas ao corpo sobre o que vem a seguir.

-Micro-rotinas em dias soltos: Pode ser importante criar “Pequenas ilhas” de previsibilidade dentro de um “mar de novidades”. Exemplo: um lanche a meio da tarde, uma história curta antes da sesta, o “abraço do bom-dia”.

-Rituais de casa, onde quer que estejam: Os rituais podem ser gestos simples que funcionam como referência. Usar a mesma música para adormecer ou o mesmo livro antes da sesta podem ser truques úteis para transmitir segurança. Se ainda não existem rituais, o verão pode ser uma boa altura para os construir já que são aliados nas transições.

-Levar elementos familiares de casa: O ursinho, a manta ou o livro podem viagem com a criança para lhe transmitirem um bocadinho de casa, onde quer que estejam.

-Tempo tranquilo (mesmo sem dormir): Nas férias, as sestas podem ser um problema. Fomentar um momento de calma previsível com, por exemplo, luz suave, uma história, ou música

baixinha, facilita a ideia de pausa e desaceleração.


Dar consistência ao cuidar:


-Nas férias “não vale tudo”: Não confundir férias com ausência de estrutura. Para a criança, o conceito de “férias” é algo abstrato, que não entende da mesma forma que o adulto; para ela, sentir-se segura continua a depender de alguma ordem no dia. As férias são boas para as crianças porque passam mais tempo com os pais, que têm mais disponibilidade e podem criar-se memórias importantes, mas é fundamental lembrarmo-nos que eles ainda não conhecem o mundo como nós e que a previsibilidade lhes dá segurança.


-Fechar o dia com previsibilidade: se houve muita agitação, pode ser útil tirar um tempo para terminar o dia de forma tranquila e conectada. Um banho calmo, uma história repetida ou um colinho prolongado ajudam a regular emoções e prepara a criança para o sono.


-Fomentar exploração e autonomia: Outra vantagem das férias é que os novos lugares (praia, relvados, parques) são convite a andar descalça, a molhar-se, a sujar-se e a descobrir texturas.


-Supervisionar de perto (especialmente se estivermos perto da água), mas permitir e fomentar a experiências fortalece a confiança motora e emocional.


-Manter a ligação emocional. Mais importante que horários milimétricos é a criança sentir que o

adulto está ali para a proteger. Que o adulto está disponível, compreende as suas reações e medos e lhe responde de forma consistente.


Desejamos a todos umas ótimas férias!

Com tempo, disponibilidade, presença atenta e gestos que não precisam de muito para se tornarem inesquecíveis. O verão passa depressa, mas os dias bem vividos ficam no coração.


Inês Carpinteiro

(Psicóloga)

 
 
 

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