Porque é que o seu filho não dormiu bem a noite passada?
Cada criança e a família tem necessidades que podem variar tanto como as características únicas que os diferenciam dos demais. Contudo, e salvaguardando sempre a individualidade de cada situação, aqui ficam algumas situações que podem ter impedido o seu filho de ter dormido bem a noite passada (e, quem sabe, há muito tempo...):
a hora de ir para a cama prolongou-se demasiado: a maior parte das crianças precisa, em média, de 10/11 horas de sono ao longo dos primeiros nove anos de vida e é muito importante encontrar o “momento” em que a criança está mais predisposta a adormecer; é errada a ideia de que quanto mais tarde se deitar a criança, o cansaço fará com que adormeça mais prontamente; pelo contrário, o excesso de cansaço pode trazer maiores dificuldades de adormecimento – de acordo com estudos recentes, horários de dormir inconstantes acarretam dificuldades no sono e um impacto sobre marcadores cognitivos;
a criança está privada da(s) sesta (s) (quando ainda as faz): não dormir durante o dia (até aos 3-4 anos) pode aumentar o número de despertares nocturnos e reduzir a qualidade do sono;
a criança foi colocada na cama já adormecida, perdendo a oportunidade de aprender como adormecer de forma menos dependente dos pais: a hora de deitar é o momento mais fácil para favorecer esta aprendizagem; se a criança estiver habituada a ser amamentada, embalada, ou ainda a dormir acompanhada ou a brincar quando desperta, sente-se mais dependente dos pais, pelo que é natural que acorde durante a noite e espere estes comportamentos por parte dos pais novamente para poder voltar a adormecer. Os pais podem ensinar, sem recorrer a estratégias violentas ou que possam fazer a criança sentir-se abandonada, uma maior segurança e autonomia, no que toca a adormecer;
a resposta dos pais aos despertares nocturnos não é consistente: muitas vezes as decisões tomadas a meio da noite e, sobretudo se já existe um cansaço acumulado, não são muitas vezes as melhores, ou pelo menos aquelas a que gostariam de continuar a recorrer ao longo do tempo – se se for inconsistente no modo como se adormece a criança ou como se responde quando acorda a meio da noite, sem querer os pais acabam por criar mais problemas, num ciclo vicioso;
a criança tem um problema de saúde física não resolvido: se a criança tem asma, bronquite, alergias, apneia do sono, está constipada, e a situação não está controlada, a criança vai acordar durante a noite. Não é possível alterar o comportamento de sono de uma criança antes de tratar ou controlar adequadamente uma doença que esteja a prejudicar o sono, pelo que nestes casos é fundamental consultar o médico/pediatra antes de qualquer alteração das rotinas do sono.
Em suma, algumas ideias fundamentais para criar bons hábitos de sono são o estabelecimento de um horário consistente para adormecer, suficientemente cedo, de modo a que a criança beneficie das horas de sono que são adequadas à sua idade e fase de desenvolvimento; dormir a sesta (até pelo menos 3-4 anos); permitir que a criança aprenda a ser autónoma no seu processo de adormecimento – e não promover dependências desnecessárias do adulto; ser consistente e persistente no modo como se adormece e como se responde aos despertares nocturnos, como uma “chave” essencial em todo o processo; procurar resolver/ controlar situações de saúde que estejam a prejudicar a qualidade do sono da criança.
Quando a situação se torna demasiado disruptiva é importante que os pais reconheçam a dificuldade e procurem ajuda junto de um profissional especializado em desenvolvimento infantil (psicólogo ou pediatra).
Fundamental também, e não menos importante, é cuidar da relação todos os dias e a todas as horas. Na base, uma relação de confiança é fundamental para conseguir ensinar com todo o amor que só os pais conseguem transmitir, a segurança de conseguir adormecer confiante, mais desperto, saudável e tranquilo para um novo dia.
