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Explorar, Errar e Crescer: a Autonomia na Primeira Infância

  • Foto do escritor: clinicadasein
    clinicadasein
  • há 4 dias
  • 4 min de leitura



O Desenvolvimento da Autonomia

Durante os primeiros anos de vida, as crianças dão passos importantes no caminho da sua

autonomia. Começam por mostrar curiosidade e querer explorar o ambiente que as rodeia, esticando-se e arrastando-se para alcançar objetos, observando tudo à sua volta e agarrando nos brinquedos a que conseguem chegar. Progressivamente, aprendem a gatinhar, a manipular objetos de forma mais precisa e a comunicar através de gestos e sons. Aos poucos, começam a adquirir habilidades motoras e linguísticas mais sofisticadas como comer sozinhas, andar ou dizer as primeiras palavras. Durante esta fase, as crianças também desenvolvem um sentido

crescente de identidade e independência, que as leva a querer fazer mais por si próprias.


Embora estes marcos sejam emocionantes, também representam desafios para os pais e educadores, que precisam de aprender a equilibrar o incentivo à exploração, com a manutenção

de limites saudáveis, que as crianças tanto precisam.



O Papel dos Cuidadores: Estímulos e Limites

Aos cuidadores cabe a importante missão de apoiar e fomentar a autonomia das crianças, oferecendo-lhes estímulos adequados e estabelecendo limites claros. Aqui ficam algumas sugestões nesse sentido:

(a) Estímulos: Promover a aprendizagem ativa

É essencial criar oportunidades para que a criança possa explorar e desenvolver competências. Este papel ativo deve ser assumido pelos cuidadores. Envolver a criança nas tarefas da rotina ajudam-na a aprender e a ganhar confiança no que consegue e pode fazer. Alguns exemplos podem ser: permitir que a criança segure a colher nas refeições ou que guarde os brinquedos depois de brincar. Mesmo que o colo seja importante (e deva ser incentivado) é essencial que se fomente a motricidade da criança: o

andar da criança (que anda), o descer e subir escadas, etc.


(b) Limites

“A coisa mais importante que os pais podem dar aos seus filhos é amor. A segunda mais importante é disciplina.” (T. Berry Brazelton)

Estabelecer regras consistentes: Definir limites claros e adaptados à idade da criança, como “Não mexemos em tomadas” ou “Guardamos os brinquedos antes de ir dormir”. A consistência ajuda a criança a sentir-se segura e a compreender o que é esperado.

Evitar ceder à pressão: É importante não recuar perante birras ou insistências que violem limites estabelecidos. A manutenção das regras ensina a criança a respeitar limites e a lidar com as deceções de forma saudável. Neste ponto, é essencial que os cuidadores reflitam sobre quais são as regras mais importantes para a sua família, com base nos seus valores e contexto. A tarefa de educar é complexa e, no meio do cansaço do dia-a-dia, pode ser difícil manter a consistência em todas as situações. Por isso, "escolher as lutas" é fundamental:

definir prioridades claras e ser firme no cumprimento dessas regras ajuda não apenas a criança a compreender o que é inegociável, mas também a aliviar a pressão colocada sobre os cuidadores. Mesmo nos momentos de exaustão, manter-se fiel a esses limites escolhidos contribui para um ambiente mais equilibrado e previsível para todos. Novamente, a criança aprenderá a saber o que esperar, e isso dar-lhe-á segurança.

Lidar com frustrações: Quando a criança não consegue fazer algo sozinha ou não pode fazer aquilo que quer (ganha consciência das suas limitações), é natural que fique frustrada. É fundamental validar os seus sentimentos (“Eu sei que é difícil”) e oferecer apoio emocional(“Queres tentar outra vez ou precisas da minha ajuda?”). Os pais devem encarar as frustrações como parte do processo e ajudar a criança a passar por elas, tentando “não a proteger” dessas frustrações, já que são essenciais para que as crianças aprendam a lidar com as dificuldades, e lhes permitem trabalhar competências, como a resiliência, que lhe serão úteis ao longo da vida.

Incentivar a exploração segura: Faz sentido criar um ambiente que permita à criança movimentar-se livremente, mas em segurança, removendo objetos perigosos e disponibilizando brinquedos adequados à sua idade. É importante lembrar que nestas fases de desenvolvimento é natural que uma criança, que está a explorar o mundo (e os limites), se possa interessar por objetos ou desafios que antes não despertavam a sua curiosidade. Assim sendo, convém que os cuidadores estejam atentos e vão adaptando o espaço às exigências da criança. Por exemplo, uma criança que já aprendeu a andar com confiança, em breve poderá começar a mobilizar objetos que estejam em cima de mesas ou estantes mais altas, onde antes não chegava.

Elogiar o esforço: Reforçar positivamente quando a criança tenta algo novo é uma ótima

estratégia. Elogiar a criança pelas suas tentativas, mesmo que esta não tenha sucesso imediato,

aumenta a motivação para continuar a tentar e aprender.


A Importância do Erro como Parte do Processo


Permitir que as crianças cometam erros faz parte do desenvolvimento da autonomia. Quando erram, têm a oportunidade de aprender e de procurar soluções alternativas, fortalecendo o seu pensamento crítico e a sua criatividade.

Os cuidadores devem encorajar as crianças a tentar novamente quando falham, oferecendo suporte sem assumir o controlo total das situações. Frases como “Vamos tentar juntos” ou “O que achas que podemos fazer de forma diferente?” são valiosas para fomentar a aprendizagem. Cair e magoarem-se, por exemplo, faz parte do processo de aprendizagem. É natural que o instinto dos pais passe pela proteção dos filhos, mas é importante que permitam que estes enfrentem pequenas quedas ou dificuldades. Isto não implica a ausência: os cuidadores devem estar presentes para impedir situações graves e para consolar quando necessário, mas seria importante treinarem o seu impulso de impedir todas as quedas, já que ajudaria a criança a ganhar confiança nas suas próprias capacidades.


Cada Criança ao Seu Ritmo

Vale a pena relembrar que cada criança tem o seu próprio ritmo de desenvolvimento. Enquanto umas podem querer vestir-se sozinhas mais cedo, outras podem preferir a ajuda dos adultos durante mais tempo. O mais importante é oferecer suporte e oportunidades para que cada criança explore a sua autonomia de forma gradual e sem pressões. Ao equilibrar estímulos e limites, os pais e educadores desempenham um papel crucial no crescimento da criança, ajudando-a a sentir-se confiante, segura e amada, à medida que descobre o mundo e as suas próprias capacidades.


Inês Carpinteiro, Psicóloga

 
 
 

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